Escritório de Advocacia Dra. Elisangela B. Taborda

Golpe com PIX como Meio de Pagamento: uma ameaça cada vez mais comum

Nos últimos anos, criminosos têm se aproveitado da rapidez e da irreversibilidade do PIX para aplicar fraudes que simulam compras, contratações de serviço, investimentos ou ajuda pessoal. A vítima, acreditando estar diante de uma transação legítima, realiza uma ou mais transferências — e só depois descobre que foi enganada. Segundo relatório da Febraban e dados do Banco Central, mais de 2,5 milhões de tentativas de estorno foram registradas apenas entre janeiro e julho de 2024. A maioria delas envolve vítimas que transferiram valores por PIX para contas falsas ou em nome de terceiros sem vínculo com a negociação.

O que é o Golpe com PIX como Meio de Pagamento?

Essa modalidade não depende de invasão de conta ou falha técnica: ela se apoia na manipulação da vítima, que transfere valores acreditando estar pagando por algo real.

Os golpistas utilizam engenharia social, perfis falsos, urgência emocional e ofertas atraentes para induzir o pagamento imediato. Em geral, o contato é feito por WhatsApp, redes sociais, e-mail ou sites falsos — sempre com uma aparência de confiança.

Após a transferência, o criminoso corta o contato ou apresenta novas desculpas para continuar extraindo dinheiro da vítima.

Dados Relevantes

  • 📉 Cerca de 83% dos pedidos de restituição por golpe com PIX são negados pelas instituições financeiras
  • 🔒 Apenas 8% dos valores pagos são recuperados administrativamente
  • 💰 Estima-se que mais de R$ 900 milhões em prejuízos envolvam transferências realizadas voluntariamente por vítimas manipuladas

📲 Mais de 70% dos contatos iniciais dos golpistas ocorrem via aplicativos de mensagem instantânea

Características Comuns do Golpe

  • Transferências via PIX para contas de terceiros sem relação com a negociação

  • Discurso emocional ou técnico para apressar a vítima

  • Perfis falsos, identidade visual copiada e linguagem profissional

  • Falta de documentos formais, nota fiscal ou contrato

  • Promessa de vantagens ou descontos elevados, com “prazo curto”

Como Identificar uma Fraude com PIX como Meio de Pagamento

Fraudes que utilizam o PIX como meio de pagamento têm padrões recorrentes. O golpista precisa que a vítima transfira o valor rapidamente, sem pensar, sem verificar e sem consultar ninguém.

Para isso, utiliza estratégias como urgência artificial, ofertas fora da realidade e, principalmente, pressão psicológica direta.
Conhecer esses sinais pode ser a diferença entre cair em um golpe ou evitar um prejuízo grave.

Urgência Suspeita

Criminosos costumam simular um senso de pressa para impedir qualquer análise mais cuidadosa. Essa estratégia de urgência emocional é intencional: quando o tempo é curto, a vítima tende a obedecer sem questionar. Exemplos comuns:

“É a última unidade, se não fizer o PIX agora, vou repassar para outro.”

“A oferta termina em 10 minutos.”

“Estou com pressa, preciso que você decida já.”

Preços Irrealistas

Descontos muito acima do padrão de mercado, condições que parecem boas demais ou propostas sem nenhuma garantia formal devem gerar desconfiança imediata. Sinais típicos:

Produtos de alto valor com mais de 50% de desconto

Ofertas sem nota fiscal ou contrato

Propostas de quitação ou portabilidade com valores simbólicos

Investimentos com retorno garantido, rápido e elevado

Pressão Psicológica

A manipulação emocional pode ocorrer de três formas principais: ameaça direta contra a vítima, exploração da empatia ou promessa de ganhos imediatos. Em todos os casos, o objetivo é o mesmo: induzir a transferência via PIX sob forte carga emocional.

1. Pressão direta sobre a vítima O golpista assume um papel de autoridade — como suposto advogado, empresa, escritório de cobrança ou órgão oficial — e ameaça com consequências graves caso a transferência não seja feita imediatamente.

Exemplos:

“Se você não pagar agora, vamos negativar seu CPF e bloquear suas contas.”
“Já fizemos a operação no sistema. Se não pagar, vamos registrar que você está em fraude.”
“Seu nome será incluído no SPC e Serasa ainda hoje.”
“Já estamos preparando um boletim de ocorrência contra você.”

2. Pressão por empatia Nesse tipo de abordagem, o criminoso se faz passar por alguém em situação vulnerável para provocar compaixão e induzir o pagamento.

Exemplos:

“Minha filha está no hospital, estou desesperado.”
“Estou sem dinheiro para comida, me ajuda com esse PIX.”
“Se você não pagar, perco a vaga no leilão que é minha única chance.”

3. Pressão por euforia ou promessa de ganho Aqui, a manipulação se baseia no desejo da vítima de resolver um problema, lucrar ou aproveitar uma oportunidade imperdível. O discurso é carregado de otimismo, autoridade aparente e urgência.

Exemplos:

“Esse investimento dobra em dois dias, mas precisa entrar agora.”
“Você foi selecionado para uma oportunidade exclusiva, só falta o depósito.”
“Com esse pagamento, quitamos toda sua dívida por 10% do valor. Só hoje.”

Checklist de Segurança: Antes de Fazer um PIX

A maioria dos golpes com PIX depende de decisões rápidas e falta de verificação. Com atenção a alguns detalhes, você evita prejuízos e não cai em armadilhas.

  1. Pesquise a reputação da empresa ou anunciante Consulte o nome da empresa no Reclame Aqui, redes sociais, Google e registros oficiais. Se encontrar indícios de golpe ou muitas reclamações, não continue.
  2. Confirme quem vai receber o pagamento
  3. O nome ou CNPJ que aparece no app do banco deve ser exatamente o mesmo da empresa com quem você está negociando. Nunca aceite transferir para outro CNPJ.Nunca transfira para CPF de pessoa física, mesmo que digam que é do dono, sócio ou fornecedor.

  4. Não aceite justificativas para contas de terceiros Frases como:
  • “Vai direto para o financeiro”
  • “É o PIX do dono”
  • “É do fornecedor, mas está tudo certo” … são argumentos típicos usados por golpistas.

    Desconsidere documentos enviados por quem está vendendo

  1. Comprovantes de pagamento, notas fiscais e contratos podem ser forjados com facilidade. Confie apenas em dados que você mesmo pesquisou em canais oficiais.
  1. Não aceite pressão para decidir na hora
    Frases como “é só hoje” ou “tem que ser agora” são sinais de alerta. A urgência é usada para impedir que você investigue.
  2. Desconfie de ameaças ou intimidações
    Se disserem que vão bloquear seu CPF, negativar seu nome ou abrir uma denúncia porque você “já iniciou a negociação”, pare imediatamente. Isso é uma tentativa de manipulação.
  3. Exija contatos reais
    Empresas sérias têm site, e-mail profissional, telefone fixo e canais oficiais. Se tudo for feito apenas por WhatsApp ou redes sociais, a chance de fraude é alta.
  4. Solicite dados formais — e verifique por conta própria
    Peça CNPJ, contrato, site e razão social. Mas não confie só no que te mandam. Pesquise por você mesmo, em canais públicos e institucionais.
  5. Notou qualquer incoerência? Encerre a conversa
    Nomes diferentes, informações contraditórias ou justificativas vagas são sinais clássicos de golpe. Você não deve se sentir obrigado a continuar

Casos Reais (Anônimos)

Conheça situações reais que exemplificam como golpes envolvendo o PIX como meio de pagamento são aplicados. Os detalhes revelam padrões claros de fraude, e os sinais de alerta ajudam a reconhecer e evitar armadilhas semelhantes.

  1. Um investidor foi incluído em um grupo de mensagens sobre “oportunidades exclusivas em ativos digitais”. O suposto especialista enviava gráficos, certificados forjados e simulações de retorno. Após breve conversa, orientou a vítima a criar conta em uma plataforma desconhecida — apresentada como segura e “fora dos bancos tradicionais”.

    Os depósitos eram feitos via PIX para CPFs de terceiros, com a justificativa de que seriam “doleiros autorizados” ou “intermediários de câmbio”. Ao enviar os comprovantes, o saldo aparecia instantaneamente na plataforma — mas tudo era simulado. O crescimento dos valores na interface visual criava confiança para novos aportes. A vítima acreditava estar lucrando, até que solicitou o resgate… e foi ignorada.

    Sinais que identificaram o golpe:

    • Plataforma não registrada na CVM ou Banco Central

    • Justificativa de uso de intermediários com CPF sem vínculo formal

    • Crescimento artificial dos valores na conta da plataforma

    • Impossibilidade de saque após valores elevados

    Suporte evasivo e ausência de canais institucionais
  1. A vítima recebeu uma ligação do número que, aparentemente, era o mesmo do banco onde possui conta. O atendente se apresentou como gerente de segurança e informou que havia uma tentativa de fraude ativa. Com linguagem técnica e tom de urgência, solicitou colaboração imediata para evitar “prejuízos irreversíveis”.

    Durante a chamada, o golpista conduziu a vítima a:

    • Autorizar transferências para uma “conta segura” indicada pelo próprio banco

    • Ou permitir acesso remoto ao aplicativo bancário, sob o argumento de validação de segurança

    No momento em que a vítima percebeu que havia sido enganada, o saldo já havia sido esvaziado via múltiplos PIX.

    Sinais que identificaram o golpe:

    • Ligação mascarada com número real do banco (spoofing telefônico)

    • Pedido de códigos de verificação, senhas e acesso ao aplicativo

    • Transferência para conta de terceiros, supostamente “segura”

    • Simulação de linguagem bancária e termos técnicos para dar credibilidade

    Ato contínuo e controlador, impedindo a vítima de consultar canais oficiais

Direitos da Vítima de Golpe com PIX

Golpes com PIX não significam perda definitiva. A legislação brasileira garante mecanismos para contestar, bloquear e recuperar valores em caso de fraude.

Base Legal Aplicável

Lei nº 14.132/2021
Regulamenta o sistema de pagamentos instantâneos (PIX).

Resolução BCB nº 195/2022 – MED
Cria o Mecanismo Especial de Devolução, que permite o bloqueio e possível devolução dos valores transferidos por golpe.

Código de Defesa do Consumidor
Bancos são responsáveis por falhas de segurança e omissão diante de fraudes.

Mecanismo Especial de Devolução (MED)

Criado pelo Banco Central, o MED permite bloquear valores recebidos via PIX em contas suspeitas.
Se a fraude for confirmada, os valores podem ser estornados à vítima.

Funciona assim:

  • A vítima notifica o banco

  • O banco aciona o recebedor e bloqueia o valor

  • Há até 7 dias úteis para análise

  • Se houver fraude, o valor é devolvido

5 Passos essenciais para agir rápido

1. Notifique o seu banco imediatamente

Peça a abertura de contestação e acionamento do MED. Guarde o protocolo.

2. Registre boletim de ocorrência

Formalize o Golpe o quanto antes, de preferência no mesmo dia.

3. Comunique o banco que recebeu o valor

Informe a conta que recebeu os valores indevidos e peça o estorno MED

4. Registre reclamação no Banco Central

Use os protocolos e faça denúncia no BACEN bcb.gov.br

5. Procure um advogado especializado

Se os bancos negarem a devolução, a Justiça pode garantir ressarcimento e indenização.

Prazo para o MED (quanto antes melhor)

Análise pelo banco recebedor

Resposta final à vítima

Responsabilidade dos Bancos

Bancos devem agir com diligência e segurança. Quando falham:

  • Podem ser responsabilizados civilmente

     

  • Devem devolver os valores, se comprovada a fraude

     

  • Podem ser obrigados a pagar indenização por danos morais

Processo de Recuperação

Saiba como funciona o passo a passo para recuperar valores perdidos em golpes com PIX.

1. Acionamento do MED com base na documentação inicial

O primeiro passo é reunir os documentos que comprovam a fraude e acionar o Mecanismo Especial de Devolução (MED) junto ao banco.
Esse procedimento pode levar de 1 a 2 dias úteis e deve ser feito com atenção aos prazos.

Documentos necessários nessa etapa:

Boletim de Ocorrência

Comprovante da transferência via PIX

Prints de conversas, anúncios e perfis utilizados no golpe

Dados bancários da vítima e da conta de destino

Protocolos de atendimento com os bancos

O MED é um mecanismo oficial do Banco Central que permite o bloqueio e análise dos valores transferidos em casos de fraude.

2. Entre em contato com um advogado especialista

Após acionar o MED, é essencial contar com orientação jurídica. Um advogado especializado em fraudes e golpes envolvendo PIX poderá avaliar o seu caso com base técnica e indicar os caminhos legais disponíveis.

Você pode entrar em contato com um profissional de sua confiança. Ou, se preferir, clique abaixo e fale diretamente com um advogado do nosso time:

3. Análise do caso e apresentação da solução

Se optar por conversar com nossa equipe, seu caso será analisado de forma individual. Avaliaremos os documentos, os prazos, a postura dos bancos e a viabilidade de medidas administrativas e/ou judiciais.

Ao final dessa análise, você receberá uma proposta clara com as possibilidades de atuação e o plano jurídico recomendado.

4. Formalização e início das medidas

Caso você decida seguir com a solução apresentada, a atuação é formalizada por meio de:

  • Contrato de honorários

  • Procuração específica para representação jurídica

A partir disso, damos início às medidas cabíveis, como bloqueios judiciais, rastreamento de valores e responsabilização das instituições envolvidas.

Prevenção Contra Golpes com PIX

Medidas simples aumentam muito sua segurança. Adote essas práticas e reduza os riscos de cair em fraudes com transferências instantâneas.

Configurações de Segurança no Aplicativo

Limite de transações

Defina um valor máximo por dia e por horário. Isso evita perdas maiores em caso de golpe ou acesso indevido.

Horários de operação

Restringir transferências em horários noturnos ou fora do expediente é uma proteção adicional.

Dupla autenticação

Ative a verificação em duas etapas no app do banco e em outros aplicativos financeiros. Nunca deixe essa função desativada.

Segurança no Dispositivo

Atualizações em dia

Mantenha seu celular e aplicativos sempre atualizados. Versões antigas têm falhas conhecidas.

Antivírus confiável

Use um antivírus ativo e atualizado, especialmente se costuma acessar links ou baixar arquivos pelo celular.

Bloqueio de tela

Use senha forte, biometria e bloqueio automático. Evita acessos não autorizados em caso de perda ou roubo.

Cuidados nas Transações

Confirme os dados antes de enviar

Verifique nome, CPF/CNPJ e instituição do destinatário. Nunca transfira sem checar.

Evite redes Wi-Fi públicas

Não realize transações bancárias em locais com Wi-Fi aberto. Use sua rede móvel sempre que possível.

QR Code com origem confiável

Só escaneie códigos de estabelecimentos ou fontes conhecidas. QR Codes são usados com frequência em golpes de redirecionamento.

O que nunca fazer

  • Não compartilhe senhas bancárias, tokens ou códigos de verificação
  • Nunca permita acesso remoto ao seu celular ou computador
  • Não envie sua chave PIX pessoal para desconhecidos
  • Não clique em links enviados por mensagens, mesmo que pareçam do banco

O que sempre merece desconfiança

  • Preços muito abaixo do valor de mercado
  • Pedidos de urgência para “aproveitar a oportunidade”
  • Promoções com prazo limitado e pressão para pagar rápido
  • Links recebidos por e-mail, WhatsApp ou redes sociais com tom apelativo

Dúvidas Jurídicas Frequentes

Entenda seus direitos e o que fazer, passo a passo, se foi vítima de um golpe com PIX.

1. O banco é responsável por ressarcir valores em caso de golpe?

Pode ser, sim. Mesmo quando o cliente autoriza a transferência, se houver fraude, uso de contas de laranjas, falha de segurança ou omissão após notificação, o banco pode ser responsabilizado judicialmente com base no Código de Defesa do Consumidor.

A contestação deve ser feita o quanto antes, preferencialmente nas primeiras 24 horas após o golpe. Esse é o prazo ideal para tentar o bloqueio via Mecanismo Especial de Devolução (MED). O prazo máximo de resposta ao consumidor, segundo o CDC, é de 30 dias.

Sim. O B.O. é essencial para formalizar a fraude, acionar o banco corretamente e subsidiar qualquer medida judicial. Sem ele, a vítima pode ter dificuldades para comprovar a boa-fé e o momento da descoberta.

Após a tentativa administrativa com os bancos, se não houver devolução, o caso pode ser levado à Justiça. O processo pode envolver:

  • Pedido de bloqueio judicial de valores

     

  • Indenização por danos materiais e morais

     

Investigação do caminho do dinheiro e identificação dos responsáveis
Cada caso é analisado de forma individual por um advogado especialista.

  • Ativar limites de valor e horários no aplicativo do banco

  • Usar autenticação em duas etapas

  • Bloquear o app fora do horário de uso

  • Evitar deixar o celular desbloqueado ou com acesso fácil ao app bancário

  • Nunca compartilhar senhas, tokens ou códigos de verificação

 

Siga estes passos imediatamente:

  1. Notifique seu banco e solicite a abertura de contestação via MED

  2. Registre o boletim de ocorrência

  3. Comunique o banco de destino da conta que recebeu o valor

  4. Registre reclamação no site do Banco Central

Consulte um advogado especialista para avaliar a viabilidade de ação judicial

O processo tem quatro etapas:

  1. Reunir documentos (B.O., comprovantes, prints)

  2. Notificar os bancos com base no MED

  3. Analisar juridicamente o caso

Formalizar medidas judiciais, se necessário
Cada etapa exige atenção aos prazos e à documentação.

Depende do caso. O MED pode oferecer retorno em até 7 dias corridos, mas se for necessário acionar o Judiciário, o prazo varia conforme o andamento do processo. Há decisões favoráveis em caráter liminar, especialmente quando há valores localizados.

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