O mercado de criptomoedas cresce rapidamente no Brasil e no mundo. Paralelamente, aumentam as fraudes que exploram desconhecimento técnico, carência de controles em plataformas e técnicas de engenharia social. Os criminosos combinam perfis falsos, sites e aplicativos que aparentam legitimidade, manipulação psicológica e, em muitos casos, instruções para que a própria vítima autorize acessos ou transfira valores.
Apesar do caráter descentralizado do ecossistema, a blockchain é pública e transparente. Todas as transações ficam registradas de forma imutável. Isso viabiliza rastrear o caminho dos ativos e sustentar medidas jurídicas eficazes quando as criptomoedas chegam a carteiras ou a exchanges identificáveis.
Criminosos criam sites e aplicativos que simulam exchanges legítimas e prometem lucros altos com robôs traders, tokens recém-lançados ou estratégias exclusivas. O ambiente mostra saldos e ganhos fictícios para estimular novos aportes. No momento do saque, surgem bloqueios, taxas inventadas ou simplesmente desaparecimento dos operadores.
Sinais de alerta
O golpista constrói relacionamento emocional com a vítima em redes sociais ou aplicativos de mensagens, ganhando confiança ao longo de dias ou semanas. Em seguida, conduz o investimento para plataformas ou carteiras controladas pelo grupo. Os valores são depositados em etapas crescentes até que, no pedido de resgate, a vítima constata que não há retorno.
Sinais de alerta
Links falsos enviados por e-mail, SMS, WhatsApp ou Telegram imitam carteiras como MetaMask e Trust Wallet, ou corretoras populares. A vítima é induzida a informar seed phrase ou a instalar software de acesso remoto. Com isso, os criminosos assumem o controle da carteira e transferem rapidamente os ativos.
Sinais de alerta
Prometem participação em grupos de mineração com rendimentos automáticos. Para “configurar” a carteira, pedem acesso remoto ao dispositivo. Durante a assistência, coletam dados sensíveis e desviam os criptoativos sem que a vítima perceba.
Sinais de alerta
Perfis que se apresentam como mentores ou analistas exibem certificados, reportagens e depoimentos que, em geral, são forjados. Após conquistar confiança, direcionam a vítima a plataformas próprias ou a links que conectam a wallet a contratos maliciosos, facilitando o desvio dos ativos.
Sinais de alerta
Grupos em aplicativos de mensagens simulam comunidades de investidores de sucesso. Diversos perfis falsos publicam prints e elogios ao “mentor”, criando pressão social. A vítima é levada a transferir valores para carteiras suspeitas ou a depositar em plataformas fictícias. Depois, surgem taxas adicionais para supostos desbloqueios até o sumiço dos criminosos.
Sinais de alerta
Solicitação recorrente de novos depósitos para liberar saques
Com o aparelho desbloqueado ou com senhas salvas, criminosos acessam carteiras e corretoras, redefinem credenciais, desativam autenticação em dois fatores e esvaziam a wallet em minutos, inclusive transferindo saldos em reais vinculados.
Sinais de alerta
Recuperação de conta facilitada via e-mail ou SMS sem camadas extras de segurança
Golpe baseado em supostos bots de arbitragem em DEX. Conteúdos em redes sociais ensinam a interagir com contratos que prometem retorno automático. Na prática, os contratos são maliciosos e desviam os valores enviados.
Sinais de alerta
Recomendação para aprovar permissões amplas de gasto do token sem justificativa técnica
Ao contrário do senso comum, criptomoedas são rastreáveis. A blockchain é pública e transparente, registrando todas as transações de forma imutável. Um escritório especializado rastreia o caminho dos criptoativos desviados, identificando carteiras intermediárias até chegar à carteira de destino.
Muitas exchanges falham em seus deveres mínimos de segurança e compliance. Entre as falhas recorrentes estão KYC insuficiente, abertura de contas com documentação questionável, ausência de monitoramento de transações atípicas e demora em responder a solicitações urgentes. Essas omissões configuram falha na prestação do serviço, ensejando responsabilização com base no Código de Defesa do Consumidor.
Reúna prints de conversas, e-mails, URLs, endereços de carteiras, hashes de transações e extratos.
Abra protocolo formal junto à exchange ou serviço utilizado e anote números de atendimento.
O BO formaliza a fraude e respalda medidas administrativas e judiciais.
Não troque ativos ou faça transferências sem orientação técnica para não prejudicar o rastreio
A atuação rápida aumenta a chance de bloqueio em exchanges e de adoção de medidas adequadas no exterior.
Sim. A transparência da blockchain permite seguir a trilha de transações até pontos de conversão, como exchanges. Esse mapeamento técnico embasa pedidos de bloqueio e de identificação dos titulares.
Pode. Se a conta de destino vinculada ao golpe foi aberta sem diligência ou utilizada para finalidade ilícita, há falha de segurança. A responsabilidade é objetiva pela má prestação do serviço, com fundamento no Código de Defesa do Consumidor.
Algumas plataformas mantêm cooperação internacional, possibilitando o cumprimento de ordens judiciais estrangeiras. Em casos envolvendo USDT, emitido pela Tether Limited, é possível requerer que os tokens desviados sejam queimados e que a emissora deposite valor representativo equivalente em nova carteira indicada na decisão judicial.
Sim. O BO comprova a fraude, auxilia investigações e fortalece pedidos judiciais de bloqueio e de obtenção de dados.
O advogado especializado domina a tecnologia de blockchain e rastreia, documenta e demonstra o caminho das criptomoedas até a carteira de destino, identificando endereços intermediários. Com esse mapa técnico, aponta a falha da instituição envolvida, como segurança deficiente da exchange, abertura irregular de contas de destino ou omissão após a comunicação do golpe. A partir das evidências, instrui o cliente em medidas administrativas e judiciais, requer bloqueio quando os valores alcançam exchange nacional e, em cenários internacionais, pode requerer a queima de USDT junto à Tether Limited com emissão de valor representativo em nova carteira. Também busca a responsabilização civil das plataformas com base no CDC.
Golpes com criptoativos combinam persuasão, aparência de legitimidade e lacunas de segurança. Ainda assim, há caminho técnico e jurídico para reagir: o rastreamento em blockchain identifica o percurso dos ativos, e medidas judiciais podem bloquear contas em exchanges nacionais ou, quando cabível, queimar e substituir tokens desviados no exterior. Agir com rapidez, preservar provas e contar com atuação especializada é decisivo para aumentar as chances de recuperação e responsabilização dos envolvidos.